O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse em Montevidéu que o acordo comercial anunciado nesta sexta-feira por Mercosul e União Europeia “é muito diferente” daquele divulgado em 2019, no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro. Segundo Lula, a nova versão incorporou temas que são indispensáveis para o bloco sul-americano.
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“As condições que herdamos eram inaceitáveis. Foi preciso incorporar temas relevantes para o Mercosul. Conseguimos preservar nossos interesses em compras governamentais, que nos permitirá implementar políticas públicas em áreas como saúde, agricultura familiar, ciência e tecnologia”, disse o presidente.
Além disso, continuou Lula, o novo texto prevê um alongamento dos prazos para a abertura mercado automotivo do Mercosul, “resguardando a capacidade de fomento do setor industrial”. Segundo o brasileiro, o acordo também cria mecanismos para evitar a retirada unilateral de concessões alcançadas na mesa de negociação.
O presidente mencionou ainda o reconhecimento, por parte dos europeus, dos esforços feitos pelos países do Mercosul para o combate às mudanças climáticas. “Após dois anos de intensas tratativas, temos hoje um texto moderno e equilibrado, que reconhece as credenciais ambientais do Mercosul e reforça nosso compromisso com o Acordo de Paris”.
Em sua fala na reunião de chefes de Estado do bloco, Lula também mencionou o reposicionamento do Mercosul no cenário internacional e comentou os próximos passos do bloco, que incorporou definitivamente a Bolívia e passou a ter o Panamá como membro associado. Citou, ainda, o próximo acordo que deve ser firmado, com os Emirados Árabes.
O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, afirmou nesta sexta-feira (6/12) que a conclusão do acordo de livre comércio entre União Europeia e Mercosul será muito importante para a agropecuária brasileira. A estimativa é que 99% das exportações de produtos do agronegócio nacional sejam beneficiadas por preferências tarifárias ou cotas no tratado.
“Este acordo prevê mais liberdade comercial. Por exemplo, zero tarifa para frutas, café e outros produtos brasileiros. Cotas importantes para açúcar, carne de frango, carne bovina, etanol”, disse Fávaro, que está em missão a Angola.
“Nós vamos mostrar a nossa competência e poder acessar esse mercado tão importante que é a União Europeia”, completou.
Fávaro disse que a conclusão do acordo marca um dia histórico da diplomacia brasileira e que a formalização ocorreu graças à interferência e dedicação pessoal do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, no tema.
“O resultado está aí, vamos agora aproveitar. A tradução do acordo, a implementação dele nos próximos meses e aí si aproveitar isso em oportunidades econômicas. É o Brasil e o Mercosul ganhando muito com esse acordo formalizado”, concluiu.